1) Não é possível ler e compreender, com proveito, certos livros da Bíblia sem que, antes de tudo, se ache a chave do estudo. Talvez nenhuma outra porção das Sagradas Escrituras necessite tanto da chave para o estudo como Eclesiastes.
2) Admira-nos o fato do livro ter despertado o interesse dos ateus. Diz-se que Volney e Voltaire apelavam para ele em defesa de seu ceticismo filosófico. Ninguém pode ocultar as declarações contidas no livro, tão opostas aos sagrados ensinos bíblicos. Parecem aprovar coisas indignas dos cristãos. Ler: 1:15, 2:24, 3:3, 4, 11, 19 e 20, 7:16 e 17, 8:15.
Mesmo considerado contraditório e incompreensível, não o podemos dispensar, pois é, largamente, citado no Novo Testamento. Cap. 7:2 em Mat. 5:3,4; Cap. 5:2 em Mat. 6:7; Cap. 6:2 em Lucas 12:20; Cap. 11:5 em João 3:8, Cap. 12:14 em II Cor. 5:10, Cap. 5:1 em I Tim. 3:15; Cap. 5:6em I Cor. 11:10.
Contém declarações sobre fenômenos científicos, rigorosamente certas. “Sendo tão maravilhosas essas afirmações, o estudante incauto corre o perigo de tomar a Bíblia em defesa de conhecimentos científicos. Fato curioso é o das afirmações de Salomão sobre a evaporação das águas e a formação de chuvas, coincidirem, perfeitamente, com as descobertas dos sábios de nossos dias a esse respeito. Alguns têm dito que a teoria de Redfield sobre as tempestades tem sua origem aqui. Sem penetrarmos em tal campo, perguntamos: quem ensinou a Salomão o emprego de termos que, claramente, exprimem fatos, e quem revelou a ele que o movimento dos ventos, tido por muitos sem lei, se rege por leis tão positivas como as que determinam o crescimento da planta; e ainda, que, por evaporação, as águas que caem sobre a terra, sobem novamente e tornam a descer de sorte que o mar nunca transborda? – cap. 12:6, é uma descrição poética da morte; como “cadeia de prata” descreve a espinha dorsal; o “copo de ouro” é a caixa craniana; o “cântaro” são os pulmões; a “roda” é o coração. Sem pretendermos afirmar que Salomão fosse inspirado a revelar algo positivo sobre a circulação do sangue, 26 séculos antes que Harvey a revelasse, veja-se a assombrosa linguagem que ele usa, e que evoca a figura duma roda puxando água através dum cano para despejar noutro”. (Dr. Pierson).
1) Não há dúvida de que Salomão é o autor do livro, 1:1 e que é certamente, a autobiografia de sua vida dramática cheia de experiências difíceis desde que se desviou de Deus e apelou para recursos pessoais para alcançar a felicidade. Este livro originou-se no triste afastamento de Salomão.
2) Regenerou-se Salomão? Foi restaurado? Os últimos versos do livro parecem declarar, de maneira decisiva, que o foi.
1) É pródigo em palavras chave: “debaixo do sol”, encontra-se 29 vezes; “vaidade”, 37 vezes”: “debaixo do céu”, 3 vezes; “sobre a terra”, 7 vezes.
2) A verdadeira chave é: “debaixo do sol”. Tem sido chamado, com justiça, o “livro do homem natural”. É interessante que o título da Aliança, Jeová não é mencionado nenhuma vez. Este livro se refere, unicamente, ao homem em relação ao seu Criador. O livro é uma exposição da longa experiência humana, ressaltando os resultados de uma tentativa feita para viver sem Deus.
3) Mas, para o cristão, viver não é apenas existir “debaixo do sol”, mas “acima do sol”, “assentado, com Cristo, nos lugares celestiais”. E, aquilo que, “debaixo do sol” se diz impossível, o homem de Deus, “acima do sol”, conhece e afirma ser, gloriosamente, possível. “Debaixo do sol”, é a vida materialista e natural; “acima do sol” é a vida sobrenatural. O impossível ao homem, é possível a Deus. Ler: Isaías 40:4 e 42:16 – Lucas 3:5 e13:13 – Filip 2:15 e 1:9 – II Cor. 5:17 e Apoc. 21:5.
MENSAGEM
A mensagem do livro é que, separada de Deus, a vida de enche de enfado e desapontamento. Ainda bem que ao Eclesiastes segue Cantares de Salomão, um é complemento do outro. Em Eclesiastes aprendemos que sem Cristo não podemos ser felizes, mesmo que possuamos o mundo inteiro, o que é por demais pequeno para o coração. Nos Cantares de Salomão, o ensino é que se renunciarmos o mundo e concentrarmos toda a nossa afeição em Cristo, não poderemos sondar a infinita preciosidade e excelência do seu amor. O objeto, Cristo, é demasiadamente grande para o coração.
1) O problema – 1:1-3
Como satisfazer-se e viver feliz sem Deus?
Ele buscou satisfazer-se com:
a) Ciência, 1:4-11, mas colheu enfadonha monotonia.
b) Sabedoria e filosofia, 1:12-18, tudo sem nenhum proveito
c) Prazeres, 2:1-11, em alegria, 1 – em beber, 3 – em construir, 4 – em ter grandes possessões, 5-7 – em riquezas e música, 8 – tudo em vão.
d) Materialismo, 2:12-26, vivendo só para o presente.
e) Fatalismo, 3:1-15
f) Deísmo, 3:16 até o fim do cap. 4, aí tudo falhou.
g) Religião (sem Deus), 5:1-8
h) Riquezas, 5:9 até o fim do cap. 6, sem satisfação
i) Finalmente experimentou: Moralidade, 7:1 a 12:12. Aqui ele respira numa atmosfera mais pura. Eleva-se a um plano superior. Mas, nem a moralidade o satisfez.
Notar: “dever” está em grifo, isto é, “este é o homem íntegro”. Como que dizendo: fazendo isto serei o todo e não a metade de um homem, portanto, santo!
Somente Deus pode satisfazer.