Marcos

Autor: Marcos
Data: Cerca de 65—70 dC

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Esboço de Marcos
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I. O Ministério de Jesus na Galiléia 1.14-9.50
Princípio: Sucesso e conflito iniciais 1.14-3.6
... Chamada dos Primeiros Discípulos 1:14-20
... A Cura de um Endemoninhado em Cafarnaum 1:21-28
... A Cura da sogra de Pedro 1:29-39
... A Cura de um leproso 1:40-45
... O Paralítico de Cafarnaum 2:1-12
... A Chamada de Levi 2:13-17
... A Questão do Jejum 2:18-22
... Jesus é Senhor do Sábado 2:23-28
... A Cura de um homem com a mão atrofiada 3:1-6

Etapas posteriores: Aumento de popularidade e oposição 3.7-6.13

... Nas margens do Mar da Galiléia 3:7-12
... A eleição dos Doze 3:13-19
... A blasfêmia dos escribas 3:20-30
... A família de Jesus 3:31-35
... A parábola do semeador 4:1-20
... A parábola da candeia 4:21-25
... A parábola da semente 4:26-29
... A parábola do Grão de Mostarda 4:30-34
... Jesus acalma a tempestade 4:35-41
... O endemoninhado geraseno 5:1-20
... A filha de Jairo e a mulher hemorrágica 5:21-43
... Jesus é rejeitado em Nazaré 6:1-6a
... A missão dos doze 6:6b-13

Ministério fora da Galiléia 6.14-8.26

... A morte de João, o Batista, 6:14-29
... A primeira multiplicação dos pães e peixes 6:30-44
... Jesus anda sobre o mar 6:45-56
... A tradição dos anciãos 7:1-23
... A mulher cananeia 7:24-30
... A cura do surdo e gago de Decápolis 7:31-37
... A segunda multiplicação dos pães e peixes 8:1-9
... Fariseus pedem um sinal do céu 8:10-13
... O fermento dos fariseus 8:14-21
... A cura de um cego de Betsaida 8:22-26

Ministério no caminho para a Judéia 8.26-9.50

... A confissão de Pedro, Jesus prediz sua paixão 8:27-33
... A lei da cruz 8:34-9:1
... A transfiguração 9:2-13
... A cura de um menino epiléptico 9:14-29
... O maior no Reino dos Céus 9:30-37
... Quem não é contra nós, é por nós 9:38-41
... Os tropeços desagradáveis a Deus 9:42-50
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II. O Ministério de Jesus na Judéia 10.1-16.20
Ministério na Transjordânia 10.1-52
... Sobre o Divórcio 10:1-12
... Jesus abençoa as crianças 10:13-16
... O Jovem Rico que procura Jesus 10:17-31
... Jesus prediz de novo sua morte e ressurreição 10:32-34
... O pedido dos filhos de Zebedeu 10:35-45
... O cego de Jericó 10:46-52

Ministério em Jerusalém 11.1-13.37

... A entrada triunfal em Jerusalém 11:1-11
... A figueira seca e a purificação do templo 11:12-26
... A autoridade de Jesus e o batismo de João 11:27-33
... A parábola dos lavradores maus 12:1-12
... A questão do tributo 12:13-17
... Os saduceus e a ressurreição 12:18-27
... O primeiro de todos os mandamentos 12:28-34
... O Cristo, filho de Davi 12:35-37
... Jesus cesura dos escribas 12:38-40
... A oferta da viúva pobre 12:41-44
... O sermão profético: 
... ... O princípio das dores 13:1-13
... ... A grande tribulação 13:14-23
... ... A vinda do Filho do Homem 13:24-32
... ... A vigilância 13:33-37

A Paixão 14.1-15.47

... A conspiração contra Jesus 14:1-2
... Jesus ungido em Betânia 14:3-9
... O preço da traição 14:10-11
... A última Páscoa e a Ceia do Senhor 14:12-26
... Pedro é avisado 14:27-31
... Jesus em Getsêmani 14:32-42
... Jesus é traído e preso 14:43-52
... Jesus perante o Sinédrio 14:53-65
... Pedro nega a Jesus 14:66-72
... Jesus perante Pilatos 15:1-15
... Jesus escarnecido pelos soldados 15:16-20
... A crucificação 15:21-41
... O sepultamento de Jesus 15:42-47

A ressurreição 16.1-20

... A ressurreição de Jesus 16:1-8
... Jesus aparece depois da ressurreição 16:6-13
... A grande comissão 16:14-20
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Autor
Mesmo que o Evangelho de Mc seja anônimo, a antiga tradição é unânime em dizer que o autor foi João Marcos, seguidor próximo de Pedro ( 1Pe 5.13) e companheiro de Paulo e Barnabé em sua primeira viagem missionária. O mais antigo testemunho da autoria de Mc tem origem em Papias, bispo da Igreja em Hierápolis (cerca de 135-140 dC), testemunho que é preservado na História Eclesiástica de Eusébio. Papias descreve marcos como “interprete de Pedro”. Embora a igreja antiga tenha tomado cuidado em manter a autoria apostólica direta dos Evangelhos, os pais da igreja atribuíram coerentemente este Evangelho a Marcos, que não era um apóstolo.

Data
Os fundadores da Igreja declaram que o Evangelho de Mc foi escrito depois da morte de Pedro, que aconteceu durante as perseguições do Imperador Nero por volta de 67 dC. O Evangelho em si, especialmente o cap. 13, indica ter sido escrito antes da destruição do Templo em 70 dC. A maior parte das evidências sustenta uma data entre 65 e 70 dC.

Contexto Histórico
Em 64 dC, Nero acusou a comunidade cristã de colocar fogo na cidade de Roma, e por esse motivo instigou uma temerosa perseguição na qual Paulo e Pedro morreram. Em meio a uma igreja perseguida, vivendo constantemente sob ameaça de morte, o evangelista Marcos escreveu suas “boas novas”. Está claro que ele quer que seus leitores tomem a vida e exemplo de Jesus como modelo de coragem e força. O que era verdade para Jesus deveria ser para os apóstolos e discípulos de todas as idades. No centro do Evangelho há pronunciamentos explícito de “que importava que o Filho do Homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos, e pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, mas que, depois de três dias, ressuscitaria” (8.31) Esse pronunciamento de sofrimento e morte é repetido (9.31; 10.32-34), mas torna-se uma norma para o comprometimento do discipulado: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz e siga-me” (8.34). Marcos guia seus leitores à cruz de Jesus, onde eles podem descobrir o significado e esperança em seu sofrimento.

Conteúdo
Mc estrutura seu Evangelho em torno de vários movimentos geográficos de Jesus, que chega ao clímax com sua morte e ressurreição subseqüente. Após a introdução (1.1-13), Mc narra o ministério público de Jesus na Galiléia (1.14-9.50) e Judéia (caps 10-13), culminando na paixão e ressurreição (caps 14-16). O Evangelho pode ser visto como duas metades unidas pela confissão de Pedro de que Jesus era o Messias (8.17-30) e pelo primeiro anúncio de Jesus e sua crucificação (8.31).
Mc é o menor dos Evangelhos, e não contém nenhuma genealogia e explicação do nascimento e antigo ministério de Jesus na Judéia. É o evangelho da ação, movendo-se rapidamente de uma cena para outra. O Evangelho de João é um retrato estudado do Senhor, Mt e Lc apresentam o que poderia ser descrito como uma série de imagens coloridas, enquanto que Mc é como um filme da vida de Jesus. Ele destaca as atividades dos registros mediante o uso da palavra grega “euteos” que costuma ser traduzia por “imediatamente”. A palavra ocorre quarenta e duas vezes, mais do que em todo o resto do NT. O uso freqüente do imperfeito por Mc denotando ação contínua, também torna a narrativa rápida.
Mc também é o Evangelho da vivacidade. Frases gráficas e surpreendentes ocorrem com freqüência para permitir que o leitor reproduza mentalmente a cena descrita. Os olhares e gestos de Jesus recebem atenção fora do comum. Existem muitos latinismos no Evangelho (4.21; 12.14; 6.27; 15.39). Mc enfatiza pouco a lei e os costumes judaicos, e sempre os interpreta para o leitor quando os menciona. Essa característica tende a apoiar a tradição de que Mc escreveu para uma audiência romana e gentílica.
De muitas formas, ele enfatiza a Paixão de Jesus de modo que se torna a escala pela qual todo o ministério pode ser medido: “Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”(10.45). Todo o ministério de Jesus (milagres, comunhão com os pecadores, escolha de discípulos, ensinamentos sobre o reino de Deus, etc.) está inserido no contexto do amor oferecido pelo Filho de Deus, que tem seu clímax na cruz e ressurreição.

Cristo Revelado
Esse livro não é uma biografia, mas uma história concisa da redenção obtida mediante o trabalho expiatório de Cristo. Mc demonstra as reivindicações messiânicas de Jesus enfatizando sua autoridade com o Mestre (1.22) e sua autoridade sobre satanás e os espírito malignos (1.27; 3.19-30), o pecado (2.1-12), o sábado (2.27-28; 3.1-6), a natureza (4.35-41; 6.45-52), a doença (5.21-34), a morte (5.35-43), as tradições legalistas (7.1-13,14-20), e o templo (11.15-18).
Título de abertura do trabalho de Mc, “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (1.1), fornece sua tese central em relação a identidade de Jesus como o filho de Deus. Tanto o batismo quanto a transfiguração testemunham sua qualidade de filho (1.11; 9.7). Em duas ocasiões, os espíritos imundos o reconhecem como Filho de Deus (3.11; 5.7). A parábola dos lavradores malvados (12.6) faz alusão à qualidade de filho divino de Jesus (12.6). Por fim, a narrativa da crucificação termina com a confissão do centurião: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.” (15.39)
O titulo que Jesus usava com mais freqüência para si próprio, num total de catorze vezes em Marcos, é “Filho do Homem”. Como designação para o Messias, este termo (ver Dn 7.13) não era tão popular entre os Judeus como o título “Filho do Homem” para revelar e para esconder seu messianismo e relacionar-se tanto com Deus quanto com o homem.
Mc, atentando para o discipulado, sugere que os discípulos de Jesus deveriam ter um discernimento amplo ao mistério de sua identidade. Mesmo apesar de muitas pessoas interpretarem mal sua pessoa e missão, enquanto os demônios confessam sua qualidade de filho de Deus, os discípulos de Jesus precisam ver além de sua missão, aceitar sua cruz e segui-lo. A segunda vinda do Filho do Homem revelará totalmente seu poder e glória.

O Espírito Santo em Ação
Junto com os outros escritores do Evangelho, Mc recorda a profecia de João Batista de que Jesus “vos batizará com o ES” (1.8), Os crentes seriam totalmente imersos no Espírito, como os seguidores de João o eram nas águas.
O ES desceu sobre Jesus em seu batismo (1.10), habilitando-o para seu trabalho messiânico de cumprimento da profecia de Isaías (Is 42.1; 48.16; 61.1-2). A narrativa do ministério subseqüente de Cristo testemunha o fato de que seus milagres e ensinamentos resultaram da unção do ES.
Mc declara graficamente que “o Espírito o impeliu para o deserto” (1.12) para que fosse tentado, sugerindo a urgência por encontrar e vencer as tentações de satanás, que queria corrompê-lo antes que le embarcasse em uma missão de destruir o poder do inimigo nos outros.
O pecado contra o ES é colocado em contraste com “todos os pecados” (3.28), pois esses pecados e blasfêmias podem ser perdoados. O contexto define o significado dessa verdade assustadora. Os escribas blasfemaram contra o ES ao atribuírem a satanás a expulsão dos demônios. Que Jesus realizava pela ação do ES (3.22). Sua visão prejudicada tornou-os incapazes do verdadeiro discernimento. A explicação de Mc confirma o motivo de Jesus ter feito essa grave declaração (3.30).
Jesus também refere à inspiração do AT pelo ES (12.36). Um grande estímulo aos cristãos que enfrentam a hostilidade de autoridades injustas é a garantia do Senhor de que o ES falará através deles quando testemunharem de Cristo (13.11).
Além das referências explícitas ao ES, Mc emprega palavras associadas com o dom do Espírito, como poder, autoridade, profeta, cura, imposição de mãos, Messias e Reino.