Chama-se também
Tanakh, acrônimo lembrando as grandes divisões dos escritos sagrados da Bíblia hebraica que são os Livros da Lei (ou
Torá), os livros dos profetas (ou
Nevi'im), e os chamados escritos (
Ketuvim). Entretanto, a
tradição cristã divide o antigo testamento em outras partes, e reordena os livros dividindo-os em categorias;
Lei,
história,
poesia (ou livros de sabedoria) e
Profecias.
[editar]Versão hebraica
Muitos séculos antes de Cristo,
escribas,
sacerdotes,
profetas,
reis e
poetas do
povo hebreu mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus. Estes registros tinham grande significado e importância em suas vidas e, por isso, foram copiados muitas e muitas vezes e passados de geração em geração.
Com o passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em coleções conhecidas por a Lei, os Profetas e os Escritos. Esses três grandes conjuntos de livros, em especial o terceiro, não foram finalizados antes do
Concílio Judaico de Jamnia, que ocorreu por volta de
95 d.C..
A Lei compreende os primeiros cinco livros, tais como na Bíblia cristã. Já os Profetas incluem:
Isaías, Jeremias,
Ezequiel, os
Doze Profetas Menores,
Josué,
Juízes,
1 e 2 Samuel e
1 e 2 Reis. Os escritos reúnem o grande livro de poesia, os
Salmos, além de
Provérbios,
Jó,
Ester,
Cantares de Salomão,
Rute,
Lamentações,
Eclesiastes,
Daniel,
Esdras,
Neemias e
1 e 2 Crônicas. Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos confeccionados em pele de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas. Geralmente, cada um desses livros era escrito em um pergaminho separado, embora a Lei ocupasse espaço maior era escrito em dois grandes pergaminhos.
O
aramaico foi a língua original de algumas partes dos lívros de
Daniel e de
Esdras. Hoje se tem conhecimento de que o pergaminho de Isaías é o mais remoto trecho do Antigo Testamento em
hebraico. Estima-se que foi escrito durante o Século II a.C. e por isso, se assemelha muito ao pergaminho utilizado por Jesus na Sinagoga, em Nazaré. Foi descoberto em 1947, juntamente com outros documentos em uma caverna próxima ao Mar Morto.
[editar]Composições
Diferentes tradições cristãs possuem um diferente cânone para o Antigo Testamento. A
Igreja Católica Romana utilizou , a partir do século I, como
canônica a versão chamada
Septuaginta, que foi uma tradução dos escritos hebraicos para o grego, feita antes mesmo do fechamento do cânone hebraico na tradição judaica. Assim, a Septuaginta inclui material que não foi incluído na Bíblia Hebraica, de fontes diferentes e divergentes, inclusive material original já escrito em grego. Os defensores da
reforma protestante excluíram do cânone todos os livros ou fragmentos que não correspondiam ao texto hebraico
massorético, e como resposta a isso o
Concílio de Trento em
1546 determinou que os livros de
Judite,
Tobias,
Sabedoria,
Eclesiástico,
Baruc,
1° Macabeus e
2° Macabeus, os capítulos 13 e 14 e os versículos 24 a 90 do capítulo 3 de Daniel, os capítulos 11 a 16 de
Ester (todos existentes em língua grega) deveriam ser tratados como canônicos, ao passo que os textos conhecidos como
oração de Manassés e os livros de 3 e 4 Esdras não mais o seriam. A
Igreja Católica Ortodoxa acabou por decidir pela inclusão de
Tobias, Judite,
Sirácida e Sabedoria.
Em outras tradições cristãs existe mais material adicional, como por exemplo na
Bíblia Etíope e na
Bíblia Copta. A tradição reformada optou por seguir o cânone estabelecido pela tradição judaica, porém mantendo a diferente ordem dos livros.
O Antigo Testamento trata basicamente das relações entre
Deus e o povo Israelita. Existem vários nexos temáticos entre os livros de acordo com suas divisões (seja a cristã ou a hebraica). Única entre essas tradições é a primeira divisão, a
Torá ou
Pentateuco, que trata da história sagrada do povo de Israel, a partir da criação do mundo até a ocupação da
Terra, passando pela legislação litúrgica e religiosa. Tradicionalmente, a Torá ou Lei é atribuída a
Moisés e, depois de sua morte, terminada por
Josué; porém, muitos autores defendem que a formação da Torá foi um processo longo passando por diversos grupos de autores até sua adoção uniforme pós-exílica.
[editar]Transmissão do texto
Quanto ao texto transmitido, não chegaram até nós nenhum rolo original de qualquer material bíblico. Atualmente os documentos mais antigos que ainda exitem são oriundos do século II A.C, tais como o chamado
Papíro Nash, encontrado em
1902, no Egito, que contêm o
decálogo e o texto da confissão de fé hebraica
Shma Israel (Dt. 6:4), e os
manuscritos do Mar Morto encontrados em
Qumran que incluem diversos fragmentos de textos de praticamente todos os livros da Bíblia Hebraica com a exceção de
Ester.
A partir de 100 d.C. a tradição fariseu-rabínica passou a dominar no judaísmo e desenvolveu-se um método de auxílio na transmissão do texto, inclusive a correta vocalização. Os estudiosos que trabalharam para manter a originalidade do texto, especialmente com o declínio do hebraico como língua falada, eram chamados de
massoretas e terminaram por elaborar um texto que passou a ganhar autoridade oficial entre os séculos VII e X, chamado de texto masorético. Oriundos dessa tradição existem dois manuscritos importantes que baseiam as edições críticas do texto atual: O códex Leningradensis e o Códex de Aleppo.
A subdivisão do texto em capítulos e versículos não vem do texto original. A primeira divisão existente foi a divisão do texto da
Torá (Pentateuco) em 54
parashot que são leituras semanais para o ano litúrgico judaico. A divisão por capítulos foi introduzida pelos cristãos com o objetivo prático de auxiliar a referência a textos. Uma das atuais divisões em capítulos foi realizada por
Stephan Langton por volta de
1200 d.C. e foi adotada primeiramente num manuscrito hebraico no
século XIV. A divisão em versículos foi resultado de um processo que só chegou ao final no
século XVI. Por isso a tradição reformada, que rompeu com a tradição católica romana antes desse período, possui diferenças na contagem de capítulos e versículos.
[editar]Interpretação
De acordo com
Mark Twain, o Antigo Testamento mostra
Deus como sendo injusto, mesquinho, cruel e vingativo, punindo crianças inocentes pelos erros de seus pais; punindo pessoas pelos pecados de seus governantes, descontando sua vingança em ovelhas e bezerros inofensivos, como punição por ofensas insignificantes cometidas por seus proprietários.
[3]Referências
- ↑ Pearlman, Myer. Através da Bíblia: Livro por Livro (em português). 23 ed. São Paulo: Editora Vida, 2006. 439 p. ISBN 978-85-7367-134-6
- ↑ Echegary, J. González et ali. A Bíblia e seu contexto (em português). 2 ed. São Paulo: Edições Ave Maria, 2000. 1133 p. 2 vol. ISBN 978-85-276-0347-8
- ↑ Chatting the Bible (em inglês). Slate (13 de abril de 2007). Página visitada em 8 de julho de 2011. ""The Bible," according to Mark Twain, "reveals the character of its God with minute exactness. It is a portrait of a man, if one can imagine a man with evil impulses far beyond the human limit. In the Old Testament He is pictured as unjust, ungenerous, pitiless, and revengeful, punishing innocent children for the misdeeds of their parents; punishing unoffending people for the sins of their rulers, even descending to bloody vengeance upon harmless calves and sheep as punishment for puny trespasses committed by their proprietors. It is the most damnatory biography that ever found its way into print.""
- ↑ a b c d e f g h Ana Lucia Santana (16 de março de 2009). Livro de Jó. Infoescola. Página visitada em 16 de abril de 2011. "O Livro de Jó ou Job é um dos livros das Sagradas Escrituras, mais precisamente do Antigo Testamento, que integra a parte conhecida como Livros de Sabedoria e Louvor, dos quais são célebres também os escritos do Rei Salomão. Geralmente a Bíblia é dividida em quatro ou cinco unidades – o Pentateuco, composto de cinco livros [...]; as doze narrativas que se seguem, de Josué a Ester [...]; os outros cinco são justamente os textos de sabedoria, desde a história de Jó até o Cântico dos Cânticos de Salomão; os restantes encerram o Antigo Testamento, abordando os escritos de Isaías até os de Malaquias."
- ↑ Ana Lucia Santana (24 de junho de 2010). Livro de Salmos. Infoescola. Página visitada em 16 de abril de 2011. "O livro dos Salmos está presente no Tanakh [...] e nas Escrituras Sagradas cristãs. [...] eles são aceitos pelas três principais religiões monoteístas do Planeta, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo."
[editar]Ligações externas