Esboço de Ester

Análise nº 17
Mensagem: A realidade da Providência Divina
Verso chave: 4:14
CARÁTER CANÔNICO: 
O direito do livro a ocupar um lugar no cânon da Escritura tem sido grandemente contestado. O nome de Deus não aparece nele, enquanto que um rei pagão é mencionado mais de cento e cinqüenta vezes. Não há alusão à oração nem a nenhum tipo de serviço espiritual, com a possível exceção do jejum.
MENSAGEM: 
Sem dúvida, ocupa um lugar na Palavra de Deus por seu ensino velado da providência protetora em conjunção com o povo de Deus e a certeza da retribuição que alcança seus inimigos.
TEMA PRINCIPAL: 
A libertação dos judeus por meio da rainha Ester.
SINOPSE: 
Os eventos principais da história giram em torno de três festas:
I. A festa de Xerxes (Assuero) e os fatos relacionados com ela.
·         (1) No sétimo dia, quando o rei estava alegre devido ao vinho, a rainha Vasti desobedeceu a ordem de aparecer perante os príncipes reunidos, 1:1-12.
·         (2) O rei, furioso, aceitou o conselho de seus sábios e destronou a rainha, 1:13-22.
·         (3) Depois da busca, por todo o reino, de uma nova rainha, Ester, uma judia, foi escolhida, 2:1-17.
II. A festa de Ester, eventos preliminares e desenlace final.
·         (1) Mordecai, o judeu, pai adotivo da rainha, salva a vida do rei, 2:7 e 2:21-23.
·         (2) A ascensão de Hamã e a recusa de Mordecai de honrá-lo; a fúria de Hamã e sua decisão de destruir a todos os judeus, 3:1-15.
·         (3) O luto dos judeus por causa do complô de Hamã, 4:1-4.
·         (4) A determinação heróica de Ester de comparecer perante o rei com um plano em mente que pudesse frustar o complô, 4:5-17.
·         (5) Ester, ao ser recebida pelo rei, convida a este e a Hamã para uma festa, 5:1-8.
·         (6) Hamã prepara uma forca para Mordecai, 5:9-14.
·         (7) Durante uma noite de insônia o rei examina os registros da corte e descobre que Mordecai não havia sido recompensado por haver salvo a vida do rei, 6:1-3.
·         (8) A vaidade egoísta de Hamã resulta em sua própria humilhação e em grande honra para Mordecai, 6:4-11.
·         (9) A festa de Ester. Descobre-se o complô de Hamã, e este é pendurado na forca que ele havia preparado para Mordecai, cap. 7.
III. A FESTA DE PURIM.
·         (1) Eventos preliminares.
o    (a) O rei autoriza a vingança dos judeus contra s seus inimigos, cap. 8.
o    (b) A vingança executada, cap. 9.
·         (2) A festa instituída, 9:20-31.
·         (3) A exaltação de Mordecai, cap. 10.
PROBLEMA

Dizem que Lutero se declarou francamente hostil ao livro de Ester, a ponto de almejar o seu desaparecimento. E, hoje, muitos têm a mesma idéia. É verdade que o livro está cheio de problemas difíceis. A primeira vista se nos afigura como um livro de caráter profano, sem mérito para ensinar espiritualmente e muito menos para formar entre os livros da Sagradas Escrituras.

Notar:

a) O nome de Deus não aparece, aí, nem uma vez ao passo que o do rei pagão é mencionado 187 vezes.
b) No Novo Testamento, não se faz nenhuma referência ao livro.
c) Neste livro não se fala de oração nem se alude à observação da sagrada Lei dos Judeus.
d) Trata da supersticiosa crença pagã em observar “dias de sorte”. Se isto pode ser chamado de sobrenatural é, só nisto, que o livro se aproxima do sobrenatural.
FATO

Antes de condená-lo, precipitadamente, devemos inquirir da atitude do povo judeu a seu respeito, e se, realmente, podemos compreendê-lo ou não.

É fato que não só foi aceito como parte do Cânon, como também é considerado, pelos judeus, como peculiarmente sagrado, e, a seu ver, ocupa o 2º lugar, logo em seguida aos 5 livros de Moisés.
SOLUÇÃO

O fato da ausência do nome de Deus é o seu principal encanto, e, de maneira alguma, consideraríamos isso uma mancha.

Mathew Henry disse: “Se o nome de Deus não está aqui, Seu dedo está”. Este livro é, como o chama o Dr. Pierson, o “Romance da Providência”. Por providência compreendemos que, em todos os negócios e atos da vida humana, quer individuais, quer nacionais, Deus tem Sua parte e Sua porção. Este controle, no entanto, está oculto - é secreto. Nisto reside a história maravilhosa que ensina a realidade da Providência Divina. O nome de Deus não aparece, “somente os olhos da fé vêem o fator divino na obra humana. Para o observador atento toda a história é a sarça ardente, flamejante, com a Presença misteriosa”.

O Talmud dá Deut. 32:18, como outra razão porque não se menciona o nome de Deus. Deus escondera Seu rosto a Israel por causa do seu pecado. Mesmo assim, não era indiferente à situação do Seu povo, embora agindo com que sob um véu.

Sugere-se que este livro é um extrato dos arquivos oficiais da Corte Persa (2:23). Isto explica a omissão do nome de Deus e os detalhes particulares.
O AUTOR

Nada, dogmaticamente, se pode dizer a respeito do autor. Agostinho atribui o livro a Esdras, o Talmud à Grande Sinagoga.

Possivelmente, o livro for escrito por Mardoqueu (9:20).
A DIVISÃO

Curiosamente, todos os acontecimentos do livro giram em torno das 3 festas, daí, se formam, naturalmente, 3 divisões.
1) O Banquete de Assuero (e sua conseqüência) - Caps. 1 e 2.
a) Um banquete que durou 6 meses (1:1-4)
b) Seguido de uma festa de 7 dias (1:5-8)
c) A nobre recusa da rainha e sua deposição (1:9-22)
d) Entre os Caps 1 e 2, o rei desencadeou o histórico ataque à Grécia, com um exército de 5 milhões, sofrendo terrível derrota.
e) Escolha e entronização de Ester (2:1-20)
f) Mardoqueu salva a vida do Rei (2:21-23)
Notar: “Ester” é nome pérsico e significa: “Estrela do Oriente”. No hebraico o nome era Hadassah, que significa “Murta”.
2) O Banquete de Ester (e sua conseqüência) - Caps. 3 e 7
a) Mardoqueu recusa adorar um descendente de Agague que Samuel matar (3:1-2)
b) Os intrigantes da Corte o contam a Hamá (3:3-4)
c) A conspiração de Hamá (3:5-15)
d) O jejum dos judeus (4:1-4)
e) A mensagem de Mardoqueu a Ester (4:5-14)
f) O jejum de Ester (4:15-17)
g) Ester conferencia com o rei (5:1-8)
h) Hamá conspira para matar Mardoqueu (5:9-14)
i) O que fez o rei na noite de sua insônia (Cap.6)
j) A festa de Ester e o resultado (Cap.7)
3) A festa de Purim (e sua conseqüência) - Caps. 8-10
a) Intercessão e estratégia de Ester para salvar a vida de Israel (Cap.8)
b) Um dia de defesa própria (9:1-19)
c) A festa de Purim instituída e observada pelos judeus desde esse tempo (9:20-32)
d) A grandeza de Mardoqueu (Cap.10)
Notar: Crê-se que a prática de “mandar presentes uns aos outros, e dádivas aos pobres” no dia de Natal, teve origem na observância habitual dos judeus de assim fazerem durante a Festa de Purim (9:22).