Esboço de Apocalipse

Análise nº 27
A MENSAGEM: “Jesus, gloriosamente, triunfante”.
FRASE CHAVE: “Revelação de Jesus Cristo”.
UMA VISÃO GERAL
AUTOR
O apóstolo João.

LUGAR
Possivelmente na ilha de Patmos, na costa ocidental da Ásia Menor, aonde João foi desterrado " por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus ".

DATA
Indeterminada. De acordo com a opinião tradicional, perto do ano 96 a.C.

AUTORIDADE
Diz-se ser a revelação de Jesus, 1:1.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
Estes têm sido extremamente variados e com freqüência imaginativos. Milhares de volumes têm sido escritos sobre este livro. Existem quatro escolas principais que tratam deste tema.

(1) A pretérita. Crê que as profecias de Apocalipse já se cumpriram.

(2) A futurista. Sustenta que o livro contém um prognóstico da história universal.

(3) A histórica. Vê os eventos do livro como descrições simbólicas da história da igreja, desde a época do Novo Testamento até o final dos tempos.

(4) A eclética, ou idealista. Firma-se nos princípios espirituais do livro e não dogmatiza sobre detalhes das visões mais misteriosas.

Esta escola crê que há três classes de passagens no Apocalipse: as que são mui claras em seu ensino espiritual; as que são misteriosas, mas que contêm elementos da verdade e são instrutivas; as que são tão ocultas que é inútil, com nosso conhecimento atual, dar-lhes interpretações finais.

É provável que algumas profecias contenham dois elementos, o próximo e o distante. O primeiro se refere especialmente a eventos durante a época de João ou pouco depois; o último trata de acontecimentos dos tempos vindouros.

PARTICULARIDADES

(1) O Apocalipse é o único livro da Bíblia que contém uma promessa especial aos leitores obedientes (1:3), e ao mesmo tempo pronuncia uma maldição sobre os que alterem seu conteúdo, 22:18-19.

(2) Sete é o número dominante do livro. Sete candeeiros, igrejas, selos, anjos, trombetas, tronos, taças, espíritos, estrelas, etc.; e sete "não mais".

(3) Os últimos capítulos de Apocalipse contêm um contraste assombroso com os primeiros capítulos de Gênesis. Gênesis fala da criação do sol, da entrada do pecado no mundo, da proclamação da maldição, do triunfo de Satanás, e da exclusão da "árvore da vida". Apocalipse fala de um lugar onde não haverá pecado nem maldição, onde Satanás será vencido, e onde haverá acesso à " árvore da vida ".

PLANO DE ESTUDO

Ainda que este livro tenha sido com freqüência passado por alto, devido a seu caráter misterioso, há muitos pontos de vista a partir dos quais pode-se estudá-lo proveitosamente, sem a necessidade de dar-lhe interpretação dogmática ou arbitrária. Se o livro está escrito em chave, não pretendemos haver encontrado um manual que lhe revele os mistérios.

Simplesmente sugerimos o tema seguinte como algo proveitoso.

TEMA SUGERIDO
O conflito moral e espiritual das épocas.

FIGURA CENTRAL
O Cordeiro, finalmente vitorioso sobre todos os poderes do mal. O Cordeiro é mencionado cerca de trinta vezes.

ACONTECIMENTOS DA ÉPOCA
Há muitos destes acontecimentos no livro; sugerimos dois, que devemos considerar no estudo das visões.

(1) O nascimento do filho varão, visto por muitos como a encarnação de Jesus Cristo, cap. 12.

(2) O toque da sétima trombeta (11:15), que anuncia sua vitória em todo o mundo.

SINOPSE

O livro pode ser dividido numa série de visões, algumas das quais são parcial ou totalmente veladas: outras são comparativamente claras em seus ensinos. Não é possível dizer sempre onde termina uma visão e começa outra, mas, por conveniência, elas podem ser estudadas sob vários números, de acordo com o ponto de vista de cada uma.

Cap. 1.

(1) Introdução e promessa aos leitores obedientes, vs. 1-3.

(2) Saudação de João e do Cristo glorificado, vs. 4-8.

VISÃO I.

(1) Do Cristo glorificado, 9-16.

(2) A ordem de escrever às sete igrejas, v. 19.

(3) A mensagem às igrejas, caps. 2-3.

Cap. 2.

(a) A Éfeso, a igreja reincidente, persistente no serviço, estrita na disciplina, mas esfriando-se em seu amor, vs. 1-7.

(b) A Esmirna, a igreja pobre, mas verdadeiramente rica, que enfrenta um período de perseguição, vs. 8-11.

(c) A Pérgamo, a igreja num ambiente perverso, firme mas infectada com heresia, vs. 12-17.

(d) A Tiatira, a igreja de boas obras, mas que tolerava uma falsa profetisa, vs. 18-29.

Cap. 3.

(e) A Sardes, a igreja moribunda, vs. 1-6.

(f) A Filadélfia, a igreja fraca, mas fiel, vs. 7-13.

(g) A Laodicéia, a igreja morna, satisfeita consigo mesma, que se orgulha da sua riqueza, mas que é miserável, pobre, cega e nua, vs. 14-22.

Pensamento saliente: promessas aos vencedores.

VISÃO II. Parcialmente velada.

Cap. 4.

(1) A visão de Deus no céu sobre seu trono, o Criador do Universo recebendo a adoração dos seres viventes e dos vinte e quatro anciãos, vs. 1-11.

Cap. 5.

(2) O Cordeiro abre o livro dos sete selos, o cântico novo, e a adoração universal do Cordeiro. Interpretação sugerida: somente Cristo pode descobrir os mistérios divinos mas profundos.

Cap. 6.

(3) A abertura dos seis selos, (velada), vs. 1-17. Tem havido muitas interpretações diferentes; não vale a pena juntar outra. Uma lição clara, vs. 9-11, é que os crentes são provados pela demora divina.

VISÃO III. Parcialmente velada.

Cap. 7. vs. 1-8, Pensamento sugerido: Deus protege seu povo escolhido.

VISÃO IV.

Cap. 7. Certezas reconfortantes.

(a) A multidão incontável dos redimidos, vs. 9-10.

(b) Os meios mediante os quais eles aparecem na presença de Deus, vs. 13-15.

(c) Suas atividades e seu gozo eterno, vs. 15-17.

VISÃO V. Parcialmente velada.

Cap. 8. Evento transcendental, a abertura do sétimo selo, causa silêncio no céu. v. 1.

Possível explicação. Toda a música e as vozes dos anjos silenciaram porque durante o período do sétimo selo Cristo devia sair para a sua missão na terra.

Isto não é mera imaginação. O fim do tempo evidentemente se aproximava, 10:6. Se esta interpretação é correta, em 8:1 nos encontramos na fonte exata do plano divino de salvação, e veremos que os eventos focalizam até o filho varão do capítulo.

Em 8:3-4, a idéia parece ser que as orações dos santos subiram a Deus pedindo a vinda do reino messiânico.

Cap. 9. Logo continua uma porção velada da visão, o toque das seis trombetas, caps. 8 e 9, que segundo parece, anuncia os juízos vindouros.

Caps. 10 e 11.

VISÃO VI. Parcialmente velada.
A única coisa clara é que os eventos parecem apontar a grande consumação pelo fato do anjo poderoso anunciar que não haveria mais demora. (10:5-7), mas que as boas novas referidas pelos profetas estão prestes a ser cumpridas.

Entre tantas opiniões diferentes, é temerário sugerir uma interpretação do livrinho do capítulo 10 e das duas testemunhas do capítulo 11. Já que estes precedem imediatamente a visão do nascimento do filho varão do capítulo 12, eles podem referir-se ao período profético anterior à vinda de Cristo.

Talvez os capítulos 12-20 contenham visões parcialmente veladas relacionadas com o grande conflito messiânico.

VISÃO VII.

Caps. 12 e 13. O grande evento da época, O nascimento do filho varão, Cristo, e a manifestação simultânea dos poderes satânicos organizados para destruí-lo.

A justificação deste ponto de vista é que durante a vida de Cristo na terra os poderes das trevas estavam em intensa atividade. Note a intenção de Herodes de destruir o menino Jesus, os numerosos casos de possessão satânica e a oposição maligna que resultou na crucificação de Cristo.

Não há aqui nenhuma interpretação detalhada dos mistérios, mas se chama a atenção para as armas espirituais com as quais seria ganha a vitória,vs. 12.11.

VISÃO VIII. Parcialmente velada.

Cap. 14, vs. 1-13. Sem nenhuma interpretação forçada, é possível olhar este capítulo como um resumo profético do conflito vindouro entre o Cordeiro e seus inimigos.

Se este ponto de vista é aceito, nos primeiros cinco versículos os cento e quarenta e quatro mil representariam os crentes sobresselentes da primeira dispensação; os versículos 6-7 se refeririam ao começo de uma atividade missionária em todo o mundo; os versículos 8-11 seriam anúncios preliminares da vitória final, e os versículos 12-13 se refeririam à bem-aventurança dos crentes mortos.

VISÃO IX. Parcialmente velada.

Cap. 14. A sega e a vindima, vs. 16-20.

VISÃO X. Parcialmente velada.

Cap. 15.

(1) Os primeiros vencedores e seu cântico, vs. 1-4.

(2) Os sete anjos e as taças de ouro, vs. 5-8.

Cap. 16. O derramamento das sete taças da ira, vs. 1-21.

VISÃO XI. Velada.

Caps. 17 e 18. A queda de Babilônia, a cidade prostituta, e dos inimigos do Cordeiro que a venceram.

VISÃO XII.

Cap. 19.

(1) O coro de aleluia no céu, celebrando a vitória espiritual, vs. 1-6.

(2) As bodas do Cordeiro, vs. 7-9.

VISÃO XIII.

(1) Cristo, o conquistador espiritual, sobre um cavalo branco, fere as nações com a espada do Espírito, 19:11-16.

(2) Parcialmente velada. Cristo vence a besta, o falso profeta e a seus aliados.

VISÃO XIV. Parcialmente velada.

Cap. 20.

(1) O aprisionamento de Satanás, vs. 1-3.

(2) A primeira ressurreição, vs. 4-6.

(3) Satanás é desamarrado; sua atividade maligna, vs. 7-9.

(4) A queda de Satanás, a besta e o falso profeta, v. 10.

(5) O juízo final, vs. 11-15.

VISÃO XV.

Caps. 21 e 22. Os novos céus e a nova terra. A cidade Santa, um tipo da Igreja, a esposa do Cordeiro.

Cap. 21. Suas características: Origem celestial, 21:2; radiante, v. 11; separada e protegida, v. 12; acessível, v. 13; alicerces firmes, v. 14; inabalável, v. 16; formosamente adornada, vs. 18-21; com um templo espiritual, v. 22; iluminada por Deus, vs. 23-25; glorificada, v. 26; livre de manchas, v. 27.

Cap. 22. O paraíso restaurado. Suas características distintivas: o rio da vida, v. 1; a árvore da vida, v. 2; sem maldição, v. 3; a visão beatífica da marca divina nos santos, v. 4; o dia eterno e o domínio dos santos, v. 5.

Os últimos ensinos: fiéis e verdadeiros, v. 6; ressaltam o iminente regresso do Senhor, v. 7; deve-se adorar somente a Deus, vs. 8-9; o caráter leva à permanência final, v. 11; a última promessa, v. 14; o último convite, v. 17; a última advertência, vs. 18-19.

Bênção e oração, v. 21.
UM LIVRO DIFÍCIL
Este é, declaradamente, o livro da Bíblia mais difícil de interpretar-se, e, por isso, embora haja uma promessa de bênção especial aos que o lêem (1:3), é bastante negligenciado. Não podemos deixar de admitir que, Satanás tem parte nessa negligência, porque o livro fala muito de sua queda final. Porque deixar à parte o livro, só porque é misterioso e difícil? Será que os cientistas deixam seus estudos e suas pesquisas de lado só porque são difíceis?
UM ESPLÊNDIDO FIM DA BÍBLIA
O livro encerra, de maneira esplêndida, a Biblioteca Divina. O Rev. Archibald Brown, mostra a balança admirável que existe entre o Gênesis e o Apocalipse. “No Gênesis, vejo a terra criada; no Apocalipse vejo a terra que passa. No Gênesis, o Sol e a Lua aparecem; no Apocalipse leio que não há necessidade deles. No Gênesis, há um jardim que é o lar do homem; no Apocalipse, há uma cidade que é o lar das nações. No Gênesis há o casamento do primeiro Adão; no Apocalipse há o casamento do segundo Adão. No Gênesis, temos a primeira e horrenda aparição daquele grande inimigo: Satanás; no Apocalipse, sua condenação final. No Gênesis, há a inauguração da tristeza e do sofrimento, ouvimos o primeiro soluço, vemos a primeira lágrima; no Apocalipse, não há mais tristeza nem dor, e toda a lágrima é enxugada. No Gênesis, ouvimos a murmuração da maldição que veio por causa do pecado; no Apocalipse, lemos que “não haverá mais maldição”. No Gênesis vemos o homem expulso do jardim e banido da árvore da vida; no Apocalipse, vemo-lo bem vindo e com a árvore da vida ao seu dispor”.
ESCLARECIMENTO
Para compreendermos bem este livro, muitos fatos dever ser anotados e retidos em nossa memória:
1)  Apresenta-se um quadro brilhante do Senhor Jesus, triunfante. A frase chave é “Revelação de Jesus Cristo”. O livro revela Jesus Cristo. Quem quer que seja que procure estudar o livro para saber o que ele diz a respeito de Jesus Cristo, encontrará uma revelação maravilhosa. Nada menos de 26 vezes encontramos o título sacrificial de Cristo, “O Cordeiro”. Está cheio dEle!
2)  Depois do capítulo 3, a Igreja nunca é representada na terra, neste livro. Entre os capítulos 3 e 4 ter-se-ia dado o arrebatamento da Igreja. Do capítulo 4 em diante, só se trata da terrível tribulação e das últimas coisas.
A regra da repetição (observada em outros livros e, notadamente, no Gênesis), deve ser considerada. Após assistirmos um grande desfile de algum grande acontecimento nacional, ao voltar para casa, temos por hábito contar aos nossos tudo aquilo que vimos. Após o relato, repetimos, uma vez ou outra, alguma parte mais interessante, a fim de fixar particularidades importantes. Esta é a regra da repetição. E é justamente isto que João faz. Depois de relatar o princípio dos juízos na terra e a vitória final do Senhor Jesus, nos caps. 4  11:18 (veja a divisão C na seção 1 da Análise), ele repete o assunto nos Caps. 11:19  cap. 16, e ainda nos capítulos 17  22. É de suma importância conhecer esta regra da repetição quando se lê e se estuda o Apocalipse.
ANÁLISE
O cap. 1:19, nos dá a tríplice divisão; a última tem três subdivisões.
(A) "AS COISAS QUE TENS VISTO"
1)      O Senhor Jesus como O GLORIFICADO  cap. 1
a)      Revelação e não Revelações
b)      De Jesus e não de João
c)      Bênçãos para os que lêem e ouvem (3)
d)      Radiante visão do Senhor Jesus
“Ele nos amou”, e bendito seja o Seu Nome, porque ainda nos ama.
(B) "AS COISAS QUE SÃO" 
1)      O Senhor Jesus, como A CABEÇA DA IGREJA  Cap. 23.
a)      A mensagem notável do Senhor Jesus às sete igrejas da Ásia
b)      São aplicáveis às igrejas de hoje.
Antes da visão do Pai, em 4:3, temos a visão e as palavras do Filho, em 1:3. Eu preciso conhecer o Filho antes de conhecer o Pai. Jesus é o Caminho pra Deus.
(3) "AS COISAS QUE IRÃO ACONTECER"
1)      O Senhor Jesus como O TRIUNFANTE
3.1) Cap. 4 – 11:18
a)      A cena se move na terra para o céu, ao Santuário do Altíssimo (4)
b)      O livro, no Cap. 5, não é o Livro da Vida, mas, o do Julgamento.
c)      O dia da tribulação começa com o abrir dos selos.(6)
d)      As pragas aumentam, em intensidade e severidade, nos capítulos que se sucedem.
e)      O cap. 7 deve ser considerado à luz dum parêntesis; uma observação aceitável para termos uma visão do Senhor preservando os Seus.
f)        No fim, vemos a vitória final e completa do Divino e sempre abençoado Senhor Jesus Cristo.

3.2) Cap. 11:19  16
a)      A divisão anterior focalizava mais os males seculares, tendo como ponto central o Trono; esta se ocupa mais com os males espirituais.
b)      Nas outras divisões, principiamos com Cristo como o Glorificado, aqui retrocedemos até o seu nascimento, vemos o ódio de Satanás contra Jesus, e suas tentativas para exterminá-lo.
c)      Vemos aumentar o progresso da terrível trindade do mal.
d)      Depois, a visão de Cristo como Vencedor, a derrota das forças aliadas do mal, e a queda da Babilônia.

3.3) Cap. 17  22
a)        Somos levados, novamente, às últimas coisas para obtermos mais particularidades:
·       a queda da Babilônia (17-18)
·       o advento de Cristo, o Vencedor, e as Bodas do Cordeiro (19)
·       a queda de Satanás, derrota, encarceramento e seu fim (20)
·       novos céus e nova terra (21)
·       cidade-jardim, e as últimas palavras de Jesus (22)
b)       Notar: há quatro males, e quatro Aleluias, todos no cap. 19. Há nove referências aos males e dez aos cânticos.