Observado, simplesmente, como literatura (embora seja, infinitamente, mais do que isso), este livro surge proeminente pela sua extraordinária beleza. Dizem que Benjamin Franklin leu Habacuque num círculo literário, em Paris, grangeando para o seu autor o tributo e admiração de todos, unânimes em confessar que nunca dele haviam ouvido antes.
A descrição da majestade e da revelação própria de Deus, no cap. 3, é algo de supremo: o livro todo é escrito em acentuado gênero lírico, aproximando-se dos Salmos, na sua estrutura, mais do que qualquer outro escrito profético.
O que ele escreve de si mesmo explica a semelhança dos seus escrito com os Salmos. Não era somente um profeta, 1:1, também um dos cantores levíticos do Templo, 3:19. Além disso, nada mais se sabe do profeta.
A julgar 1:5,6, onde se fala da invasão caldaica, como fato futuro embora iminente, ele deveria ter vivido e trabalhado na última parte do reinado de Joás (II Reis 22:18-20). A invasão teve lugar 5 anos depois.
Este profeta foi um autêntico avô da Reforma. A grande doutrina da justificação pela fé, Paulo a aprendeu com Habacuque e Martinho Lutero a aprendeu de Paulo.
Pode concluir-se que este livro foi um dos prediletos de Paulo, porque ele cita 1:5 na sua advertência aos judeus incrédulos, em Antióquia: (Atos 13:41) e quanto à célebre declaração de 2:4, Paulo a cita 3 vezes: - Rom. 1:17, Gál. 3:11 e Heb. 10:38.
Este livro é notável pelo fato de que quase dois terços dele constituem diálogos entre o profeta e Deus.
Habacuque é chamado, não somente o “profeta da Fé”, como também de “livre pensador entre os profetas”. Não podia conciliar sua crença em Deus – tão bom e justo – com os fatos da vida como ele os via. Daí sua dúvida e “por quê?”.
Mas, com todo este mistério e perplexidade, justificando seu nome, (que significa: “abraçar”, “agarrar”) ele se agarrava a Deus, e derramando ante Ele suas dificuldades, em oração, aguardava, pacientemente (2:1) pela explicação divina.
1) Ele estava perplexo com o silêncio e com a clemência de Deus, permitindo que o mal prosseguisse, e derrama sua alma a Deus.
Cap. 1:1-4
A perplexidade do profeta pela:
a) Negligência do Senhor às suas orações (1:2)
b) Aparente indiferença ao pecado e ao sofrimento (1:3,4)
Cap. 1:5-11
Deus respondeu que:
a) estava para fazer coisa incrível (5)
b) usaria os Caldeus para castigar Israel pelo seu pecado (6)
c) e, dá uma descrição característica dos caldeus (7-11)
3) A resposta do Senhor resolveu uma dificuldade, mas, suscitou um problema – vs. 13 – como poderia, um Deus puro, castigar Israel por uma nação muitas vezes pior do que ele.
Cap. 1:12 – 2:1
O profeta confessa sua dificuldade em crer que:
a) o Eterno e Santo Deus (12,13)
b) pudesse castigar um povo pecador por outro pior (12,13)
c) e permitir apanhar os homens como peixes (14,15)
d) quando eles se glorificam a si mesmos (16,17)
e) a paciência do profeta (2:1)
Cap. 2:2-20
a) Deus ordena ao profeta para que escreva, bem claro o que ia dizer (2)
b) o que Deus tinha a fazer sucederia brevemente (3)
c) os contados como justos pela fé, seriam preservados daquelas terríveis tristezas (4)
d) e, então, Deus lança cinco “ais” contra os Caldeus
5) Dissipando-se todas as suas dificuldades, e a calma de Deus apoderando-se de sua alma, o profeta extravasa todo o seu ser num hino vibrante, de oração, louvor e confiança em Deus.
Cap. 3
a) o profeta ora para que Deus renove Sua Graça libertadora (2)
b) e que, na execução do juízo se lembraria da misericórdia (2)
c) então descreve a majestade do Senhor no Sinai, e na ida adiante de Israel para possuir Canaã (3-15)
d) a evocação de tudo isto, traz descanso à sua alma (16)
e) e, confiança em Deus (17-19)